Eles também têm seu dia no calendário da “sociedade de
consumo”, exploradora comercialmente de nossos mais nobres sentimentos. Esse
dia costuma ser comemorado com menos manifestação exterior que o Dia das Mães.
Sem dúvida, com igual amor e gratidão. Tudo no pai é mais sóbrio e austero;
tudo na mãe, mais carinho e doçura.
Ambos carregam, no entanto, a mesma missão com serviços
complementares e igualmente necessários: são dois chamados a serem um. Na
matemática do amor, um mais um não são dois, mas sempre um. Quando separados,
nada mais difícil entender e desempenhar o que são: pai e mãe. Nada mais pesado
do que um fazer também as vezes do outro, ou seja, um ser dois. O ideal seria
homenageá-los, os dois juntos, em um só dia do calendário, em total respeito ao
plano do Criador, conforme a palavra do próprio Jesus: “O que Deus uniu o homem
não deve separar.” (Mt 19, 6)
Em busca da realização de seus sonhos, atrás de cada família
há um homem chamado de pai. Sua dedicação e seu desprendimento jamais serão
bastante proclamados. Uma de suas principais tarefas: sustentar o clima de
segurança dentro do lar que não se restringe aos limites de mero fornecedor do
necessário, em termos materiais, para a família. Sua função paterna é de
imprescindível valor para a formação da personalidade sadia dos filhos.
Essa segurança, como a transmite? Não há de ser só por
palavras com orientações e conselhos. Há de ser, sobretudo, por uma presença
amiga, serena, sem perder a cabeça diante de intrincados problemas. Há de ser
exercendo uma autoridade que brota do amor viril e maduro, terno e acolhedor,
comunicativo e envolvente. Há de ser com aquele amor que o faz capaz de
dialogar, que lhe dê força para tornar-se, não agressivo e prepotente, mas
paciente e capaz de perdoar; de dizer “sim” com alegria e dizer “não” com
carinho. E ser um pai para a vida toda…
Nada fácil desempenhar esta missão. Mais difícil o é em
tempos atuais quando a figura de um pai autoritário não tem mais vez. A vez
agora é de pai mais companheiro. Ser pai é dar a vida. É isso, e isso é tudo.
Dar a vida não é, simplesmente, fazer alguém existir. A maior grandeza da
missão paterna é existir para quem deu a vida.
O Dia dos Pais oferece-nos a oportunidade de refletir sobre
o que seja ser filho. Comecemos por lembrar o mandamento do Senhor: “Honra teu
pai e tua mãe”. A criança honra-os prestando-lhes obediência. Ao adulto, Deus
ordena honrá-los sendo para eles o melhor amigo e companheiro e não os deixando
sós e desamparados na velhice. Há que se dar toda ênfase ao conselho bíblico:
“Meu filho, cuida de teu pai na velhice, não o desgostes em vida. Mesmo se sua
inteligência faltar, sê indulgente com ele, não o menosprezes, tu que estás em
pleno vigor. Pois uma caridade feita a um pai não será esquecida e no lugar dos
teus pecados ela valerá como reparação.” (Eclo 3, 12-14)
Quem não precisa de um pai? A criança precisa dele para
brincar de cavalinho e correr para abraçá-lo. Ele, o adolescente, para educar
virilmente sua personalidade; ela, a adolescente, para descobrir no seu
comportamento a figura do homem. Os jovens precisam dele para receber estímulos
que os encorajem a assumir o engajamento profissional e uma família. O filho
adulto há de ver nele um insubstituível amigo. E o pai, na sua velhice, não
deve ser considerado um ser inútil. Se não conseguir ensinar o filho a
envelhecer, terá o direito de receber dele a manifestação de um coração sempre
agradecido. Precisa do pai até mesmo quem não mais o tem no mundo dos vivos.
Feliz do filho e da filha que não esquecem a memória de seu
pai e podem lembrar-se do exemplo deixado por ele a ser seguido (Fonte: cleofas.com.br)
Dom Eduardo Koaik - Bispo emérito de Piracicaba – SP
Nenhum comentário:
Postar um comentário