Como o microcosmo e o macrocosmo revelam Deus?
Diz a Bíblia que “narram os céus a glória de Deus, e o
firmamento anuncia a obra de suas mãos” (Sl 18, 2); e ainda “é a partir da
grandeza e da beleza das criaturas que, por analogia, se conhece o seu autor”
(Sab 13, 5). A natureza revela Deus aos homens, pois Ele nos criou capazes de
conhecê-Lo e de ler na natureza os sinais da Sua existência. O microcosmo e o
macrocosmo revelados pela ciência nos mostram esses sinais de Deus através da
beleza, bondade e verdade que podem ser captados pelo homem.
O Catecismo da Igreja Católica (parágrafos 31 a 35) diz que
o homem traz em si o desejo de procurar a Deus. É um desejo inscrito pelo
próprio Criador. Não importa o quanto queiramos fugir, sempre somos atraídos
para Ele. Ninguém explicou isso melhor do que Santo Agostinho: “Fizeste-nos
para Ti, Senhor, e o nosso coração está inquieto enquanto não repousar em Ti”
(Confissões 1, 1).
Mesmo os cientistas ateus pressentem algo de divino nas suas
pesquisas. É comum ouvi-los falar de “ordem cósmica” ou de “grandes harmonias”.
Acontece com eles o que fala santo Agostinho:
Interroga a beleza da terra, interroga a beleza do mar
interroga a beleza do ar que se dilata e difunde, interroga a beleza do céu (…)
interroga todas estas realidades. Todas te respondem: Estás a ver como somos
belas. A beleza delas é o seu testemunho de louvor. Essas belezas sujeitas à
mudança, quem as fez senão o Belo, que não está sujeite à mudança?
(St Agostinho, Sermão 241. Apud CIC 32)
Todos os físicos que conheço têm uma admiração imensa pela
beleza das leis físicas e pela maneira majestosa e sofisticada como a Física é
construída a partir da Matemática. Para o cientista, a beleza de uma teoria
está ligada à verdade que essa teoria pode representar do mundo natural. Uma
teoria feia e desarmoniosa não pode ser correta.
Hoje a Física está construída de tal modo que as leis que
regem os fenômenos das escalas mais pequenas (coisas que acontecem dentro do
núcleo de um átomo) são importantes para eventos em larga escala do universo.
Tudo está conectado, e as explicações para os mais diversos fenômenos se
complementam formando um quadro único e harmonioso. Na divulgação científica
dos jornais fala-se com frequência dos muitos aspectos que ainda não foram explicados
pela ciência, mas na verdade estão tratando de pequenos detalhes de acabamento
num edifício enorme e imponente que é a ciência moderna.
Tamanho é o encanto que as descobertas da ciência causam nos
cientistas e nas pessoas que muitos se perdem adorando a criação, ao invés do
Criador. É comum ouvir falar de uma “consciência cósmica”, ou de uma divindade
manifestada nas leis naturais. São expressões neopagãs, que atiram o homem na
lama das crendices, da magia e das superstições mais uma vez.
O cristão sabe que a natureza não é Deus, é criatura sua.
Tampouco a natureza revela Deus completamente, é só uma sinalização.
Infelizmente, o homem ferido pelo Pecado Original já não consegue distinguir
com clareza os sinais que Deus nos deixou. Alguns se perdem adorando a
natureza, e não o Criador:
São insensatos por natureza todos os que desconheceram a
Deus, e, através dos bens visíveis, não souberam conhecer Aquele que é, nem
reconhecer o Artista, considerando suas obras. Tomaram o fogo, ou o vento, ou o
ar agitável, ou a esfera estrelada, ou a água impetuosa, ou os astros dos céus,
por deuses, regentes do mundo.
(Sab 13, 1s)
Alexandre Zabot
Físico e doutor em Astrofísica – Professor da UFSC www.alexandrezabot.blogspot.com.br
(Via: cleofas.com.br)
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