E a internet virou tribunal de
exceção. Agora é normal a proliferação de comentários, publicações que invadem
as redes sociais o tempo todo, agora!
Nesse exato momento um julgamento
sumário está acontecendo e a próxima vitima pode ser alguém, muito próximo da gente.
Ou nós mesmos.
O medico Jânio Modesto está
hospitalizado, entubado em uma UTI. Mas agora deixou de ser o médico amigo,
que, muitas vezes atendeu gratuitamente, doou medicamentos, ajudou pessoas,
empregou dezenas, foi na casa de alguém no meio da noite sem cobrar nada.
Virou o “defensor de
Bolsonaro”, o “amigo da cloroquina” e um sem fim de acusações no
momento que luta pela vida.
O tribunal da internet se
esqueceu que, deitado no quarto frio da UTI, tem um pai, um esposo, um filho,
um irmão. Um ser humano como todos os outros com defeitos e virtudes. Não é um
número, uma estatística. É uma pessoa.
Fico me perguntando em qual
momento da curva nos perdemos. Como deixamos de amar, de valorizar a vida para
defender nossos ideais estúpidos da politica ou da acusação.
É mesmo esse o momento de
julgá-lo? Temos mesmo esse direito? Quem nos deu o poder de juízes para,
hipocritamente, acreditarmos que a nossa verdade é a absoluta?
Esse texto não fala de
posicionamentos políticos ou da fala certa ou errada que Jânio Modesto
defendeu. Fala de amor humano, escrita por alguém assustado com o que estamos
nos tornando.
Fico pensando na dor dos filhos,
no medo de perder o pai, na esposa sem poder acolher o homem amado, na mãe que
já sofria com os ataques anteriores nas mídias sociais, nos funcionários e nos
amigos que sentem na pele o horror de um vírus que mostra sua face mais dura.
Os julgadores são pessoas que se
julgam perfeitas, que moram em frente da tela de um celular, computador e
transformam o que deveria ser convívio social em um verdadeiro tribunal que
julga impiedosamente.
Neste julgamento, nas redes
sociais, não há espaço para a opinião contraditória. Muito menos para
qualquer defesa.
Lembrei de uma citação de
Albert
Einstein que disse; “Tornou-se chocantemente óbvio que a nossa
tecnologia excedeu a nossa humanidade”
“Na cadeira de Moisés estão
assentados os escribas e fariseus. Observai e praticai tudo o que vos disserem;
mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não
praticam” assim está escrito no livro de Mateus em seu capitulo 23.
Agora, a busca frenética pelo
protagonismo, pela celebridade que se tenta parecer, por aparecer ou tentar
parecer inteligente nos embruteceu. O olhar terno que perdemos deu lugar ao
dedo em riste. Penso que chegou a hora de repensarmos, pois estamos beirando o
abismo. Que já podemos enxergar. (Fonte: carlosbritto.com)
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